quarta-feira, abril 29, 2009

iPod

Faz tanto tempo que não posto nada neste blog...

Quem sabe a promoção do Jornal Tecnologia não me faz voltar a escrever aqui?

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segunda-feira, novembro 27, 2006

Migração

Eles passam muito acima dos prédios e eu, da janela, vejo a flecha de pássaros cortar o céu de brigadeiro, com suas asas batendo sem pressa e silenciosamente, como num filme mudo em câmera-lenta.

Fico paralisado até que sumam na minha miopia, rumo ao sul para o qual a varanda está voltada. Parecem ter um objetivo bem definido - penso, com uma ponta de inveja.

Abro as janelas, mas voar é mais do que sentir no rosto a maresia de uma tarde quente de novembro. E mesmo que fosse igual, não tenho bússola que me aponte o caminho.

Então, a pé, atravesso a passarela e as pistas do Aterro, para, minutos depois, assistir as andorinhas se divertirem na piscina do Vasco. Com seus rasantes, ficam horas mergulhando no espelho d'água.

Até que deixo de lado o jornal que tentava ler, e sinto a paz que é o meu norte.

sexta-feira, junho 02, 2006

Poesia discreta

quinta-feira, março 16, 2006

Banzo II

Pois, contradizendo o texto anterior, eis que surge, miragem dominical, uma enorme caravela no horizonte de Copacabana.

Se hoje, séculos depois do descobrimento, esta visão ainda me impressiona, imagino o que deve ter causado aos índios quando viram aproximar-se os saqueadores portugueses com suas doenças e ambição. Talvez um misto de esperança e medo, sentimentos tão pares.

Não muito tempo depois serão os escravos a olhar para este horizonte com os olhos embotados de uma nostalgia mortal do que lhes foi arrancado.

Afinal, quando não há mais esperança, mar e morte têm o mesmo significado.

quarta-feira, março 08, 2006

Banzo

Se não foi em um livro do Umberto Eco, li em "Criação" de Gore Vidal um personagem se referir ao horizonte como "mutável imutável curva do mar", pois ela, embora estática e idêntica, é feita de um oceano de águas que correm.

A saudade é isso: acima do turbilhão de coisas que aconteceram desde o passado até o agora, há o horizonte da nossa certeza sobre o que sempre será.

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Samba atravessado

O homem acorda e imediatamente se arrepende, como se o sono o tivesse protegendo de seus próprios erros.

Mais tarde ele vai cogitar que talvez durma para que a convivência consigo mesmo seja possível, mas nesse momento ele se vira e vê o relógio marcar alguma hora depois das 6.

Ele volta a fechar os olhos, embora não possa mais dormir. Não que tenha compromisso; não tem, é feriado.

É que não há desilusão pior que a que causamos a nós mesmos.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Taxiando

O cheiro de terra molhada permaneceu durante toda a noite. Uma noite permeada de sonhos estranhos e culpa.

A chuva pede cautela e a pouca visibilidade aconselha que se aguardem melhores condições para pousos e decolagens.