quinta-feira, março 16, 2006

Banzo II

Pois, contradizendo o texto anterior, eis que surge, miragem dominical, uma enorme caravela no horizonte de Copacabana.

Se hoje, séculos depois do descobrimento, esta visão ainda me impressiona, imagino o que deve ter causado aos índios quando viram aproximar-se os saqueadores portugueses com suas doenças e ambição. Talvez um misto de esperança e medo, sentimentos tão pares.

Não muito tempo depois serão os escravos a olhar para este horizonte com os olhos embotados de uma nostalgia mortal do que lhes foi arrancado.

Afinal, quando não há mais esperança, mar e morte têm o mesmo significado.

quarta-feira, março 08, 2006

Banzo

Se não foi em um livro do Umberto Eco, li em "Criação" de Gore Vidal um personagem se referir ao horizonte como "mutável imutável curva do mar", pois ela, embora estática e idêntica, é feita de um oceano de águas que correm.

A saudade é isso: acima do turbilhão de coisas que aconteceram desde o passado até o agora, há o horizonte da nossa certeza sobre o que sempre será.