Migração
Eles passam muito acima dos prédios e eu, da janela, vejo a flecha de pássaros cortar o céu de brigadeiro, com suas asas batendo sem pressa e silenciosamente, como num filme mudo em câmera-lenta.
Fico paralisado até que sumam na minha miopia, rumo ao sul para o qual a varanda está voltada. Parecem ter um objetivo bem definido - penso, com uma ponta de inveja.
Abro as janelas, mas voar é mais do que sentir no rosto a maresia de uma tarde quente de novembro. E mesmo que fosse igual, não tenho bússola que me aponte o caminho.
Então, a pé, atravesso a passarela e as pistas do Aterro, para, minutos depois, assistir as andorinhas se divertirem na piscina do Vasco. Com seus rasantes, ficam horas mergulhando no espelho d'água.
Até que deixo de lado o jornal que tentava ler, e sinto a paz que é o meu norte.
7 Comments:
E a beleza não fenecia...
meu norte é o sul pois o norte é meu sul! =)
lindo!!
Maravilhoso.
Estava sentindo falta disso!
Você consegue transformar algo tão simples em "simplesmente" poesia.
E ainda me dizes que não escreve bem!
Beijos, Gabi.
Deu saudade de ti. sonhei com o RJ, e no sonho combinava de ve-lo. grande abraço e se cuida Ferrari...
Binha
logo agora que cheguei, noto que o ônibus foi pra garagem...
voltarás? :)
então a paz é o teu objetivo definido. menos instintivamente que os pássaros você descobriu isso... tem vezes em que ter um norte significar fazer uma escolha; quase sempre.
ah, os baús que podem estar em qualquer lugar.. alguns o levam dentro do peito, até.
:*
rodrigo, jura que vc não posta mais? nenhum blog atual? por favor.
minha gaveta está lotada de esquecidos milagres - empoeirados pelas dúvidas
beijo.
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