Manhã de Ossanha
Acordei antes do despertador. Na penumbra do quarto, o relógio indicava 06:12 com seus números verdes-nervosos.
Sem som algum, sem a dor de cabeça com a qual me deitei, sem a vontade de me levantar, fiquei lá, deitado debaixo do lençol amarrotado, esperando que o tempo me tragasse com suas mordidas miúdas, os segundos subindo pelo pé da cama após galgarem o edredon amarfanhado que eu empurrei na madrugada quente.
Esses uns sessenta avos de minutos que sussuravam baixinho: "Vai, vai, vai, sofrer".