terça-feira, julho 26, 2005

Pesadelo

O homem acorda antes que o despertador o faça, mas não se levanta. Espera - esperança vã - que a noite anterior perca-se por entre edredon, lençol e travesseiros.

Acende a luz do abajur que o remete por alguns instantes a um tempo longe dali, numa outra cama, no mesmo bairro. Dessa vez, porém, não foi apenas um sonho ruim.

Ele então, senta-se na cama vazia, seus olhos percorrem o quarto vazio, e no apartamento vazio o homem percebe que vai levar consigo essa solidão até aqui.

sexta-feira, julho 22, 2005

Palhaço

Se eu sou teu ombro, quem é o meu?

sábado, julho 16, 2005

Próximo

Não verás um homem dividido, à primeira vista.

Assim, de supetão, incorre-se na idéia da fortaleza. Será, portanto, necessário aproximar-se um pouco mais. Ir além das lentes, corrigir impressão fundamental e ver em seus olhos esperança e desilusão. Descobrir que seu riso largo sustenta fosca armadura.

Vais ter que se debruçar por sobre seu passado, investir, se preciso, suas escolhas, considerar o percorrido. É neste momento que dura uma vida que se desvenda a lenda e sobra apenas pele e osso e paixão. É o corpo que claudica na breve brisa e hasteia-se eminente na tormenta iminente.

Pois assim, distante, és impreciso como o mapa que não reconhece a pulga, o cão e ele próprio, homem dividido.