Bar da rampa
À beira do pier que avança por cima da baía de Guanabara, observo o pequeno gato preto acompanhar atento aos movimentos do pescador neste quase frio final de sexta-feira. Ao contrário do felino, o homem não tem pressa, embora ambos, às suas maneiras, sejam persistentes.
Bem ao longe, à minha esquerda, os carros contornam a praia de Botafogo até sumirem no Aterro do Flamengo. Mais distantes, projetam-se os prédios da orla de Icaraí, enquanto que, no meio disso, de tempos em tempos, um avião arremete-se vertical, ultrapassando as rochas do Pão de Açúcar, que completam meu horizonte, à direita.
Os barcos, botes e lanchas vagueiam serenos no espelho d'água onde o pescador mergulha sua isca, acalentados pelo calmo som das marolas contra os cascos brancos. Não há urgência. Arrisco dizer que se há tempo, é tão somente para permitir que o sol possa deitar-se por trás do Corcovado que abençoa essa cena.
Vejo então a vara de pescar vergar em curtas fisgadas. O gato pressente o lanche iminente no mesmo momento em que eu redescubro a paz.
3 Comments:
Serei eu, algum dia abençoada com pier sobre essa baía?
Parabéns pela semíotica.
Essa nossa semana foi tão pesada que ao chegar em casa, nesse mesmo dia, senti como se estivesse sendo abraçada quando abri a porta. Enfim um porto seguro!
Queria estar la e ver as coisas como vc vê.bjo
Postar um comentário
<< Home